A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) é um encontro que reúne
milhares ou mesmo milhões de jovens. É realizado pela Igreja
Católica, a cada dois ou três anos, e tem como objetivo passar a mensagem da
Igreja aos jovens.
Apesar de ser um encontro entre jovens, realizado pela
Igreja Católica, a JMJ vem sendo alvo de muitas discussões. Entre elas, os
gastos do governo federal, estadual e da
prefeitura do Rio de Janeiro.
Gastos do governo
Segundo cálculos os três órgãos federais juntos, gastarão
cerca de R$ 118 milhões durante os 6 dias. Sendo R$ 62 milhões desembolsados
pelo governo federal, dos quais R$ 30 milhões serão destinados a ações de
segurança e defesa, que são a principal preocupação do governo. Estado e município darão R$ 28 milhões cada.
Gastos que serão investigados pelo ministério público, que já instaurou um
inquérito para investigar os gastos.
O governo trabalha com uma estimativa de que a Igreja
arrecadará cerca de R$ 140 milhões só com a taxa de inscrição dos participantes
do evento, contando que entre 350 mil e 450 mil pessoas se inscrevam para o
evento. Já a Igreja, espera 800 mil
pessoas inscritas para o evento, o que dobraria os cálculos dos ganhos com inscrições,
feitos pelo governo.
A igreja terá apenas que bancar a estrutura do evento e a
hospedagem dos peregrinos. Entretanto arrecadará, só com a taxa de inscrição,
mais do que o governo federal irá gastar. O que nos faz pensar o porquê de o
governo gastar todo esse dinheiro?!
Entretanto, quem trabalha na organização do evento justifica
os gastos lembrando os gastos em Madri na Espanha, sede da jornada em 2011,
quando dois milhões de peregrinos se reuniram na capital espanhola. Os gastos
do governo também ultrapassaram R$ 100 milhões, mas a arrecadação gerada pelos
jovens no país superou as despesas em 200%. Entretanto segundo o jornal El País
a JMJ em Madrid teve um saldo para o governo Espanhol de 254 milhões de euros.
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Jornal El País em matéria sobre os gastos com a JMJ em Madrid, na Espanha. |
O governo federal
ainda deverá ceder um avião Hércules para que transportem-se os dois papamóveis do Rio para Aparecida, onde o Papa deverá
celebrar uma missa. E essa operação
custará aos cofres públicos R$ 1 milhão.
Os investimentos do governo ferem a laicidade do estado?
Uma das maiores polêmicas dos investimentos do governo
federal é quanto à laicidade do estado. Estaria o governo sendo
inconstitucional e ferindo a laicidade do estado?
Basicamente um estado laico ou secular, seria um estado
neutro no campo religioso. Sendo imparcial em assuntos religiosos e não
apoiando ou descriminando qualquer religião.
Um Estado laico defende a liberdade religiosa a todos os
seus cidadãos e não permite a interferência de correntes religiosas em matérias
sociopolíticas e culturais.
O Brasil é oficialmente um Estado
laico, pois a Constituição Brasileira e outras legislações preveem a liberdade
de crença religiosa aos cidadãos, além de proteção e respeito às manifestações
religiosas.
No artigo 5º da Constituição
Brasileira (1988) está escrito:
“VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da
lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;”
Contudo, a laicidade do Estado pressupõe a não intervenção
da Igreja no Estado, e um aspecto que contraria essa postura é o ensino
religioso nas escolas públicas brasileiras.
E será que os investimentos da JMJ ferem a laicidade do
estado?
Bom, temos R$ 118 milhões de reais investidos pelo governo
para a vinda de um líder religioso e para a realização de um evento religioso
de origem Cristã.
São R$ 118 milhões de reais, dos quais vieram do evangélico,
da pessoa que frequenta a religião de matriz africana, da pessoa que não tem
crença nenhuma e não frequenta nenhuma igreja e etc. Será que todo o brasileiro
é de acordo com o evento realizado pela Igreja Católica?
Mais além, será que o governo investe da mesma maneira em
eventos de outras ordens religiosas? Será que todas as outras religiões terão
acesso ao evento organizado pela Igreja Católica?
Com isso, manifestações estão sendo organizadas em apoio ao
estado laico, como o
Desbatismo
realizado pela ATEA.
Há também os comentários a favor dos investimentos, prezando
que o governo é uma instituição capitalista e para crescer deve fazer
investimentos e esperar o seu retorno. Com isso, o exemplo de Madrid na Espanha
se encaixa perfeitamente, já que a cidade faturou cerca de R$ 950 milhões
(cerca de 354 milhões de euros) segundo os cálculos da PricewaterhouseCoopers.
O próprio Papa é chefe de estado e com isso, os gastos em
segurança não feririam a laicidade do estado, já que pela diplomacia devemos
manter a segurança dos lideres de outros estados, já que qualquer outro líder
de estado que viesse ao Brasil, teria apoio dos poderes Federais, Estaduais e
Municipais.
Logo, temos vemos muitas divergências em relação ao assunto.
E só temos que respeitar(afinal estamos em um estado laico) e torcer para que o
evento dê certo e o governo consiga recuperar o dinheiro público investido.
Sendo que evento serve como teste para os próximos grandes
eventos que irão ocorrer no Rio de Janeiro, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas,
que são outros dois assuntos que geram muita polêmica. E você, qual sua opinião
sobre a JMJ?
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